Nova economia sob a avaliação dos velhos conceitos de gestão e finanças! | Level Consulting
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Nova economia sob a avaliação dos velhos conceitos de gestão e finanças!

Os dois artigos da reportagem valem muito a leitura. Em 2010, um grupo de empreendedores, liderados por Adam Neumann, co-fundador e CEO, fundaram o WeWork, um modelo de negócios focado em aluguel de espaços abertos e escritórios privados com flexibilidade de prazo de aluguel para pequenas e médias empresas. Não era um conceito completamente novo, porém foi, positivamente falando, bem embalado, e vendido como algo muito novo e revolucionário. Porém, lendo os dois artigos e ouvindo o áudio do artigo do WSJ, refleti vários pontos, que em minha opinião, estão colocando o crescimento de uma das startups mais bem avaliadas no mercado em risco às vésperas de seu IPO.

(I)  Modelo de negócio

O modelo de negócio é basicamente alugar por 10-15 anos milhares de pés quadrados em prédios das principais cidades do mundo (hoje o WeWork já está presente em mais de 500 cidades), reformar e decorá-los de forma diferenciada, oferecer serviços de escritórios, promover eventos para incentivar o networking entre os clientes e alugar os espaços por um preço muito maior do que seu custo. Aí vem a pergunta, o que está dando errado então se o serviço prestado é bom e o preço é rentável?

(II)  Valuation

valuation(valor de mercado de uma empresa) talvez seja o maior vilão na história recente das startups. Sempre quando se faz um valuation, o mesmo se baseia em previsões futuras. Porém, quando se trata de um modelo de negócios novo, essas previsões se tornam apostas. Lá atrás, o mercado comprou um valuation do WeWork com previsões extremamente vencedoras e, por causa disso, os resultados eram extremamente positivos. Hoje a realidade mostra que a empresa tem contas à pagar bilionárias nos próximos 10-15 anos devido aos contratos de aluguel das mais de 500 localidades e contas à receber não superiores a 2 anos, devido ao modelo de negócio apostar em aluguéis de curto prazo para atrair os clientes. Imagine o GAPque esse descasamento de receitas e custos deixa para o mercado financeiro avaliar.

O resultado disso é que o WeWork tem apresentado cerca de $2 bi de prejuízo por ano nos últimos dois anos. A cada $1 de receita gerada, a empresa gera $2 de custo! E o lucro, que é o principal fator para legitimizar a sobrevivência e crescimento de qualquer empresa ainda não foi apresentado em nenhum período.

Para se ter uma idéia a IWG (proprietária da Regus) com mais de 2,000 escritórios pelo mundo desde 1989 possui um valuation 10 vezes menor quando comparamos com os $47 bi que o WeWork chegou a valer. Hoje espera-se que o IPO seja feito com um valuation não muito superior a $20bi.

Isso tem acontecido com os outras empresas que cresceram suportadas por fundos VC (Venture Capitalist). O mercado acaba aumentando bastante o valor das empresas que tem crescimento rápido. Porém, crescimento nem sempre tem correlação com sustentabilidade.

(III) Poder concentrado e conflito de interesse

Segundo a reportagem, o co-fundador e CEO do grupo, Adam Neumann, possui um poder de voto praticamente absoluto, não podendo ser impedido nem pelo próprio Conselho de Administração.  O mesmo CEO fez recentemente um cash-out(retirada pessoal) de cerca de $700 mi o que supostamente teria gerado um constrangimento e aumentado o ceticismo no mercado. Segundo o mercado, um valor muito grande e não usual um sócio fazer nesse momento da empresa.

Se não bastasse isso, o mesmo CEO começou a comprar imóveis com objetivo de alugar para sua empresa. Ou seja, algo muito básico em uma administração transparente não está sendo respeitado, que é você ser o principal fornecedor da empresa da qual você é o sócio com maior poder do voto, porém não é o único sócio. Existem outros sócios que investiram bilhões de dólares em sua empresa/startup.

(IV)   Fontes de receitas parecidas porém com capacidade de pagamento bastante diferentes

O WeWork iniciou seu negócio com foco de atender uma necessidade de maior flexibilidade de escritórios para empreendedores pequenos e médios. O preço cobrado pelo excelente serviço prestado pela startup muitas e muitas vezes não cabe no bolso do pequeno empreendedor. Outro item a se considerar é que cada vez mais tem ficado comprovado que as pessoas não gostam do open officecomo parecia até poucos anos atrás. Hoje os usuários deste tipo de ambiente tem reclamado bastante do nível de ruído e também tem se comprovado que a colaboração entre os usuários não aumenta, haja visto o aumento de envio de mensagens entre os próprios usuários. E no caso do WeWork, toda unidade tem um espaço aberto extremamente grande. Será que esse espaço está sendo rentabilizado de maneira adequada?

De uns anos para cá o WeWork decidiu focar também em clientes maiores como, por exemplo, Microsoft, IBM, etc. Será que esse não seria um dos caminhos para que a empresa passasse a poder sustentar um valuation alto baseado em recebíveis com lastro contratuais e menos apostas? Esse nicho de serviço é chamado de Facility Management,  nicho este que as médias e grandes empresas tem valorizado bastante nos últimos anos, porém não tem know-howe tempo para investir na melhoria e administração dos seus ambientes de trabalho.

 

 

Artigos
(1)Wall Street Journal
WeWork Weighs Slashing Valuation by More Than Half Amid IPO Skepticism

https://www.wsj.com/articles/wework-parent-weighs-slashing-its-valuation-roughly-in-half-11567689174?mod=searchresults&page=1&pos=1

(2)Fast Company
Everyone hates open offices. Here is they still exist

https://www.fastcompany.com/90285582/everyone-hates-open-plan-offices-heres-why-they-still-exist

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